terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pra que Danoninho?

Eu era criança quando a campanha era "Danoninho vale por um bifinho", e toda criança que era amada pelos pais tinha o direito de se deliciar com o iogurtinho do coração. Por sorte meus pais sempre encontraram outras maneiras de demonstrar amor e eu pouco comi a guloseima.

Este post surgiu agora a pouco, quando eu comia com a milha filha de 1 ano e 9 meses um iogurte de manga feito na hora por nós. Vendo ela se deliciar com aquilo eu pensei: danoninho pra que? Basta que a pessoa tenha um liquidificador em casa e bata iogurte natural com uma fruta e talvez uma colher de melado ou mel. Sempre fica bom! Sem falar que a criança ajuda a fazer e adora.
Agora, por favor, não vai fazer aquela coisa de bater leite condensado, creme de leite, iogurte e tang de morango e dizer que tá fazendo danoninho natural! (eu vi isso em vários sites)

Aí eu encontrei o trailer do filme Muito Além do Peso no blog da Carol Daemon e resolvi juntar tudo aqui.



"Os dados são alarmantes: 56% das crianças brasileiras com menos de um ano bebem refrigerante – até mesmo em mamadeira. Um pacote de biscoito recheado equivale a oito pães franceses. Em cada cinco crianças obesas, quatro serão obesas no futuro. A maior parte das crianças brasileiras passa mais tempo em frente à televisão do que na escola. Redes de fast-food, em suas informações nutricionais, trocam a palavra “açúcar” por “carboidrato”. O filme “Muito além do peso”, de Estela Renner e Marcos Nisti, que estreou na semana passada e está em cartaz no Rio de Janeiro no cinema Arteplex, fala justamente não só sobre o problema da obesidade infantil, mas do sobrepeso – 30% das crianças brasileiras estão acima do peso. E de como isso pode interferir na saúde e no futuro desta geração."

Fonte: Canal Ibase, A maior epidemia infantil da história


Agora (atualizando) já saiu o documentário pra quem quiser ver: MUITO ALÉM DO PESO

E pra complementar, passeando pelo blog Cientista que virou mãe, tomei conhecimento de um artigo chamado Introdução de Alimentos Supérfulos no Primeiro Ano de Vida e as Repercussões Nutricionais, que você lê clicando no link, e logo lembrei deste post.
Vou transcrever algumas linhas do trabalho:

"Há fortes evidências na literatura de que a introdução precoce de alimentos com baixo valor nutritivo, sobretudo a oferta excessiva de carboidratos (especialmente os carboidratos simples) e lipídeos, tanto em quantidade como em qualidade, pode predispor ao desenvolvimento de doenças crônicas como obesidade, diabetes, hipertensão, doença arterial coronariana, dislipidemias, osteoporose, e/ou levar a carência nutricional, representada pela desnutrição, doenças infecciosas e carências específicas de micronutrientes, particularmente ferro, zinco e vitamina A(1,9), e assim provocar efeitos na saúde
e bem-estar do indivíduo que poderão estender-se até a vida adulta(8-10). 
No primeiro ano de vida a escolha do alimento depende exclusivamente da pessoa que alimenta a criança, e o produto da interação desta com a própria mãe é a influência mais marcante na formação destes hábitos(2,5,9), embora estudos que demonstrem como os pais influenciam os hábitos alimentares dos filhos sejam escassos(5,11).
Em relação ao uso de produtos industrializados - como sopas, derivados lácteos, macarrões instantâneos, sobremesas industrializadas e guloseimas - parece haver uma grande influência dos familiares presentes e da propaganda, principalmente da veiculada pela televisão(2,14,15).
Diante do exposto, os objetivos deste estudo foram verificar o percentual de introdução de
alimentos supérfluos entre crianças de quatro e doze meses de vida da cidade de Frutal / MG, e
detectar quais alimentos supérfluos foram mais utilizados entre os quatro e seis meses e entre e
os seis e 12 meses de idade das crianças.
Neste estudo, 80,2% das mães e/ou responsáveis relataram oferecer um ou mais alimentos considerados supérfluos às suas crianças menores de um ano de idade. Verificou-se que 18 destes alimentos estiveram presentes na alimentação das crianças avaliadas, sendo que o queijo petit-suisse foi o alimento mais frequente (73,6%), e pudins (4,3%), o menos frequente.
"Observa-se que nas duas faixas etárias o consumo de queijo petit-suisse foi o mais frequente (34,2% entre as crianças de quatro a seis meses e 96,8% entre as crianças de idade superior a seis meses); e em segundo lugar apareceu o pirulito, com 26% e 78,8%, respectivamente. O refrigerante também é consumido em larga escala (classificado em 4º lugar entre as crianças de quatro a seis meses e em 3º lugar nas de idade superior a seis meses). As crianças de quatro a seis meses não consomem mortadela e salame, mas após os seis meses de idade estes alimentos já são oferecidos.
Neste estudo observou-se que os derivados lácteos - como leite fermentado, iogurte e queijo petit-suisse - foram consumidos a partir do quarto mês, e, apesar do alto consumo desses alimentos (96,8% das crianças com idade acima de seis meses consomem queijo petit-suisse), não se encontram recomendações quanto a sua utilização nessa faixa etária. Estes produtos não são aconselhados nessa idade, pois podem interferir na absorção de nutrientes importantes existentes no leite materno (como o ferro e o zinco), os quais são ricos em cálcio e fosfoproteína, minerais que interagem competitivamente entre si, por serem de mesma valência: cálcio, zinco, ferro e cobre(18,19)."

Pra quem não sabe, o tal do queijo petit-suisse é o danoninho (ou similar, não falo aqui da marca em si, e sim do tipo de produto). Enfim, eu já vi muitas vezes, mas não me acostumo com a cena do bebê que nem sabe ficar sentado sozinho sendo entupido (é bem essa a minha impressão) dessa coisa rosa, com os olhinhos esbugalhados e agitando os bracinhos, agitado como um adolescente bêbado pela primeira vez.


E seguindo a mesma linha vamos de:
Pra que salgadinho se temos tubérculos pra fazer chips no forno, castanhas?
Pra que refrigerante se temos tantas frutas pra fazer suco, chás pra gelar?
Pra que NAN, leite ninho, ou similar se temos tetas?
Esse último merece um outro post.


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